No dia 4 de fevereiro de 2025, a mãe de um menino de cinco anos que se encontra no Abrigo Esperança, gerido pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) em Parauapebas, denunciou que seu filho teria sido vítima de estupro dentro da instituição. Segundo a mãe, os suspeitos do abuso são dois adolescentes de 12 anos, também acolhidos no abrigo. Ela revelou que até o momento não recebeu autorização para visitar a criança.
A Polícia Civil, através de sua assessoria de imprensa, confirmou que está conduzindo uma investigação sobre o caso na Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca) de Parauapebas, que permanece em sigilo.
De acordo com a mãe, que pediu para ter sua identidade preservada, a ocorrência foi registrada na manhã de segunda-feira (3), quando ela foi ao abrigo para visitar o filho, mas foi impedida de fazê-lo sem qualquer explicação.
“Fui ao abrigo, mas não deixaram eu entrar. Não deram nenhuma justificativa. Isso é inaceitável”, desabafou.
Na mesma noite, a mãe recebeu um telefonema informando que seu filho havia sofrido a violência. Ela também foi informada de que a criança teria sido submetida a um exame de corpo de delito para apurar a veracidade das alegações.
Em busca de respostas, a mãe se dirigiu à Delegacia da Polícia Civil nesta terça-feira, mas lamentou que não obteve informações sobre a situação do filho ou o andamento da investigação. “Estou desesperada, não sei onde meu filho está e como ele está. Precisamos de respostas”, pediu.
A mulher também fez revelações preocupantes sobre a saúde e o bem-estar do menino. Durante visitas anteriores, ela disse ter notado marcas de agressão em seu corpo, como hematomas e mordidas. “Uma vez, ele me contou que ‘os meninos me bateram e me deram maconha’. Isso não pode estar acontecendo em um lugar que deveria cuidar dele”, relatou, demonstrando sua indignação.
Além disso, a mãe levantou a questão do uso de drogas no abrigo, mencionando que as substâncias seriam consumidas no quarto onde as crianças dormem. “Onde estavam os cuidadores enquanto meu filho estava sendo abusado e forçado a usar drogas? É preciso investigar as responsabilidades de quem cuida deles”, desafiou.
Com três filhos acolhidos no abrigo, a mãe explicou que as crianças foram retiradas de sua guarda após uma denúncia anônima ao Conselho Tutelar. “Um dia bati em um dos meus filhos e, depois, fui viajar. Quando voltei, soube que eles tinham sido tirados de casa”, contou, refletindo sobre a dor de estar separada de seus filhos.
O Site Vela Preta tentou entrar em contato com as assessoria de imprensa do Ministério Público do Pará mas até o fechamento desta matéria, não havia recebido resposta. A prefeitura de Parauapebas se manifestou através de nota enviada ao Site vela Preta.
Nota de Esclarecimento
A Secretaria Municipal de Assistência Social de Parauapebas (Semas) vem a público esclarecer sobre uma situação ocorrida no Acolhimento Institucional de crianças e adolescentes, na última segunda-feira, dia 3.
Assim que a Semas tomou conhecimento, imediatamente foram adotadas todas as providências cabíveis.
O fato foi comunicado aos órgãos competentes, Conselho Tutelar, Polícia Civil, para que as investigações sejam conduzidas com a devida diligência e rigor, garantindo que as responsabilidades sejam corretamente atribuídas.
Os envolvidos encontram-se à disposição para a execução de procedimentos legais. O caso corre em segredo de justiça.
A equipe da Semas prestou total suporte à vítima e implementou medidas para assegurar a proteção e o bem-estar dos demais acolhidos.
Destacamos ainda que a atual gestão recebeu a unidade em um estado precário e condições de abandono, com uma quantidade alarmante de 46 usuários em um espaço projetado para, no máximo, 20 crianças e adolescentes, conforme as normas técnicas da Resolução Conjunta N° 01/2009 do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA.
A Prefeitura de Parauapebas reafirma seu compromisso com a proteção dos direitos das crianças e adolescentes.
Edileuza Correia, conselheira do Conselho Tutelar de Parauapebas, falou que é Preciso investigar a fundo o que aconteceu. Durante a entrevista ela ainda destacou a a urgência de uma revisão nas práticas de acolhimento no município.
A comunidade aguarda ansiosamente por respostas e medidas que garantam a proteção das crianças em acolhimento, especialmente após uma denúncia tão grave que revela a fragilidade do sistema de proteção infantil na região.